Quando chega o dia, perguntamo-nos, onde podemos encontrar luz nesta sombra sem fim ?
A perda que carregamos. É um mar que temos de atravessar.
Desafiamos a barriga da besta.
Aprendemos que o silêncio nem sempre é paz, e as normas e
noções do que é "justo" nem sempre é justiça.
E no entanto, o amanhecer é nosso antes que o soubéssemos.
De algum modo, fazemo-lo.
De alguma forma, resistimos e testemunhámos uma nação que
não está quebrada, mas simplesmente inacabada.
Nós, os sucessores de um país e de uma época em que uma
negra magricela descendente de escravos e criada por uma mãe solteira pode
sonhar em tornar-se presidente, apenas para que ela mesma se encontre recitando
estas palavras.
E, sim, estamos longe de estar polidos, longe de estarmos
imaculados, mas isso não significa que estejamos nos esforçando para formar uma
união que seja perfeita.
Estamos nos esforçando para forjar a nossa união com
propósito.
Compor um país comprometido com todas as culturas, cores, personagens
e condições humanas.
E assim levantamos o nosso olhar, não para o que está entre
nós, mas para o que está perante nós.
Fechamos a divisão porque sabemos que para pôr o nosso
futuro em primeiro lugar, devemos primeiro pôr as nossas diferenças de lado.
Depomos as nossas armas para podermos estender os nossos
braços uns aos outros.
Não procuramos fazer mal a ninguém e sim, vivermos em harmonia
com todos.
Deixe o globo, senão outra coisa, dizer que isto é verdade.
Que, mesmo quando nos entristecemos, crescemos.
Que mesmo quando sofríamos, tínhamos esperança.
Que mesmo quando estávamos cansados, tentávamos mais uma
vez.
Que estaremos para sempre amarrados juntos, vitoriosos.
Não porque nunca mais conheceremos a derrota, mas porque
nunca mais semearemos divisão.
As Escrituras dizem-nos para prever que cada um se sentará
debaixo da sua própria videira e figueira, e ninguém os fará ter medo.
Se quisermos estar à altura do nosso próprio tempo, então a
vitória não estará na lâmina, mas em todas as pontes que fizemos.
Essa é a promessa de deslizar, a colina que escalamos, se ao
menos ousarmos.
Amanda Gorman
Tradução e versão : Edilson Ricardo