domingo, abril 14, 2019

Abaporu - Tarsila do Amaral

Uma obra que retrata um período de efervescência da cultura brasileira e que ganhou grande destaque por ser um ícone que se distingue de outros trabalhos artísticos em razão de sua história com certeza é o “Abaporu ”, da talentosa Tarsila do Amaral, artista símbolo do modernismo que pintou este quadro na intenção de fazer uma homenagem ao então marido, Oswald Andrade que na época defendia o ideário antropofágico, movimento que tinha como proposta absorver o que havia de melhor no exterior para produzir aqui no Brasil, uma arte genuinamente tupiniquim de qualidade. O nome do quadro era “Nu” originalmente e foi rebatizado por Oswald de Andrade e pelo poeta Raul Bopp para “Abaporu”, nome de origem indígena que significa “Homem que come carne humana”, talvez influenciado pelo ritual de uma tribo canibal da Amazônia que tinha como tradição quando uma pessoa sábia e muito valorosa da tribo morria, eles comiam pedaços do seu corpo na intenção de absorver suas qualidades. E este movimento cultural tinha como objetivo renovar e recriar a arte do país absorvendo a essência do que havia de melhor na Europa. As raízes do modernismo brasileiro, aconteceu a partir de uma exposição de Anita Malfatti que recebeu duras críticas do Monteiro Lobato num artigo do jornal Estado de São Paulo, cujo o título era “Paranoia ou mistificação? ”. Em razão disso, foi desencadeado um movimento de protesto da classe artística que se uniram em favor da Anita Malfatti e que se uniram contra as oligarquias da Velha República, em especial o conservadorismo carioca, pois eles tinham o apoio da elite cafeeira de São Paulo que tinha o interesse de tornar a cidade numa referência cultural. Assim, foi criado a semana de arte moderna de 1922, que era homenagem aos 100 anos da independência e que na verdade, eram três dias alternados e foram divididos por tema, um dia para pintura, um dia para literatura e o outro para a música. E teve presença como de Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Menotti del Picchia, Heitor Villa-Lobos, Anita Malfatti, Di Cavalcante e outros mais. Evento este que marcou época ao apresentar novas ideias e conceitos artísticos e foi uma ruptura com o passado. Foi um divisor de águas na cultura do nosso país. Tarsila do Amaral, foi ganhando respeitabilidade e amadurecimento com suas obras com o passar do tempo. Em 1928, ela pinta o “Abaporu” um óleo sobre tela, foi um presente de aniversário para ao seu marido, porém ela se separa dele em 1929, no mesmo ano que a família vai à falência ao perder todo seu patrimônio. Foram dois baques um em razão da crise econômica mundial, da queda bolsa de valores de Nova York que levou a sua família perder sua fazenda cafeeira e depois a separação. Em 1930, ela consegue um emprego na pinacoteca do Estado de São Paulo, porém com a queda de Júlio Prestes e o início da ditadura de Getúlio Vargas, ela perde o trabalho. Em 1931, casa de novo e viaja para a União Soviética, aonde vive uma nova crise. Ela com dificuldade financeira trabalha como operária e pintora de parede. Entretanto, consegue voltar para o Brasil. E é presa, acusada de subversão. Em 1933, ela se separa e casa de novo quando começa uma nova fase em sua vida com uma temática mais social. Em 1965, com novas dificuldades financeiras, ela vende os quadros dela e acaba doente e sozinha. Artista símbolo do modernismo brasileiro falece em 1973 na cidade de São Paulo. Atualmente, “Abaporu” é uma das obras brasileiras mais valorizadas com valor estimado de US$ 40 milhões e faz parte da exposição Tarsila Popular, em cartaz no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MASP), do qual reúne 120 obras de fases diferentes da artista. A exposição vai até o dia 27 de julho de 2019. Não percam !!! Imperdível !!!!

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